Sendo leitora, pude refletir sobre mais uma incrível obra, durante a segunda graduação (haja leitura, viu?! rsrs😂😍). O livro da vez foi "Admirável Mundo Novo" (Brave New World), de Aldous Huxley.
A obra faz
referência a uma realidade aparentemente não tão distante à atual, um tanto
futurista, sobre a necessidade de dominar os sentimentos mais profundos do ser
humano, para que a vida seja desenhada e conduzida de forma perfeita, sem
devaneios ou contrastes de estabilidade social e individual. Para que haja
civilização, o homem, satisfeito, deverá dedicar-se constantemente às suas
habilidades para gerar frutos lucrativos, sendo comparado, inclusive, como
rodas de máquinas que giram sem parar, equilibradas e obedientes, para então
atender às necessidades das pessoas.
Qualquer
ferramenta que permita o distanciamento de um modelo exageradamente racional
pode ferir as relações de consumo obrigatório, de ascensão industrial, de
vantagens e poder sobre coisas
materiais, sob qualquer custo. Tanto a arte quanto outras formas de expressão
da essência humana não parecem ser interessantes, sob o ponto de vista do enredo,
para agregar o padrão estabelecido de destituição dos laços afetivos em favor
do controle social. Portanto, a romantização e a crítica da vida através da
arte traz prejuízos à razão e ao estabelecimento de condutas isentas de erro.
Não parece ser vantajoso, por exemplo, contemplar o céu ou demonstrar apego às figuras divinas e celestiais, nem sequer expor admiração pela beleza da
natureza e da alma humana.
A leitura
de Admirável Mundo Novo remete a uma possível e incômoda mudança de paradigmas
a respeito das relações de parentesco e, consequentemente, do avanço científico,
que pode estar condicionado à ausência de interferência humana, especialmente
se houver algum tipo de envolvimento emocional. Assim, o modo como as pessoas
se relacionam e compartilham suas experiências não deve ser levado em
consideração, e os experimentos de um laboratório ou a exatidão dos resultados
obtidos nele devem servir de exemplo para as próximas gerações, que irão se empenhar para ensinar adiante um novo mecanismo de pensar e agir, como de
fato for imposto. Entende-se, então, que o ato de zelar pelo bem estar de um ente
querido significa ser improdutivo para cuidar das máquinas e, por isso, há o
incentivo ao desprendimento do lar, à promiscuidade e à quebra de valores
morais construídos pelo matrimônio e pela família.
A narrativa
apela para a ideia de desconstrução das sensações que desencadeiam algum tipo
de afeto ou paixão. Neste sentido, é desenvolvida uma sociedade onde cada um
pertence a todos, para evitar que os impulsos favoreçam a paixão e, consequentemente, a loucura. A ciência luta pela preservação dos indivíduos
contra as emoções e, para isso, dedica sua energia para viabilizar a
administração de drogas psicoativas capazes de suprimir, ainda que
temporariamente, a sensação de perda, frustração ou tristeza nas pessoas para
que possam usufruir da fuga da realidade, sempre que assim desejarem, sem
preocupações e distrações.
De maneira indiscutível, a vida retratada nesta obra é encarada friamente, sem qualquer abertura para sentimentos intensos ou prolongados. A cultura é vista como algo sem utilidade, os livros não são lucrativos, e a educação genuinamente científica, sem a influência de acontecimentos históricos, é definida como o melhor caminho para a evolução da humanidade.
Chocante, né?!😯😳
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