Sendo leitora, descobri o quão fantástica é a obra Frankenstein, de Mary Shelley.
Tive a oportunidade de ler e produzir, como segundo ensaio, durante o primeiro semestre da graduação em Letras-Inglês.
Dá só uma olhada!👀👇
A obra
de Mary Shelley, escritora romancista nascida em Londres, compunha um cenário
literário dramático e melancólico da história, apesar de não fazer alusão sobre
o momento em que desenvolvia suas ideias. Refere-se á sua produção, inclusive,
como origem ao fruto de dias alegres, tranquilos e de boas companhias.
A
narrativa traz como personagem central Vitor
Frankenstein, um sujeito jovem, ambicioso e repleto de curiosidade, que
sonha desbravar o universo da ciência, desvendar os mistérios da vida e
ultrapassar os limites da criação humana, transcendendo o conhecimento sobre a
química, anatomia e fisiologia. O cientista que, na solidão de um laboratório,
colocou em prática a vaidosa experiência de “conceber” um ser vivo, não
imaginava convalescer-se diante da reaproximação, não somente da figura física
que criara, mas de um ser humano puro, capaz de desenvolver habilidades,
pensamentos criativos, sentimentos e emoções.
Não
seria possível, para a autora, que o criador pudesse sobreviver e desfrutar as
benesses que a vida poderia lhe oferecer, enquanto sua criatura perambulava em
amargura, ás escondidas, para que não fosse ridicularizada. Então, proporciona a
mesma sensação de alívio e redenção após a morte, para ambos personagens.
O
leitor comove-se e solidariza-se com o criador e sua criatura. Ambos demonstram
sentimentos de fraqueza, impotência e profundo pesar diante da incapacidade
para controlar os acontecimentos que ameaçavam a existência daqueles por quem
tinham amor e afeto. Quando Vitor depara-se com a sua obra, presumidamente
desaparecida, sente-se arrependido e compadecido diante do sofrimento que
causara ao “esculpir” um ser vivo e abandoná-lo á própria sorte. Por outro
lado, sentia-se ameaçado e decidido a pôr fim à vida que havia “gerado”, ainda
que lhe custasse a vida.
A
criatura demonstrava benevolência e compaixão diante dos infortúnios alheios,
no entanto, não entendia o motivo de tanto desprezo e escárnio da humanidade,
quando apenas a sua aparência externa, num primeiro momento, não era agradável
aos olhos. Sentia-se injustiçado e inteiramente exilado da companhia de um
semelhante, ainda que alimentasse dentro de si a esperança de aceitação da
sociedade, não como um monstro, mas como um ser humano diferente e nobre de
coração. No entanto, revolta-se contra àqueles por quem admirava e aprendera os
códigos de civilização, linguagem e afeto. Questiona a própria existência e
busca recompensar o desamparo agindo sob violência, perseguição e vingança:
“Creia-me,
Frankenstein, eu era bondoso. Trazia amor e humanidade dentro da alma, antes
que viesse a ficar só, miseravelmente só, como agora. Se você, que é meu
criador, me renega, que posso esperar de seus semelhantes, que nada me devem?”
(p. 95)
Shelley
contempla, nesta ficção, um arsenal de detalhes sobre belas e frias paisagens,
sob a revolta da natureza que, vez ou outra, acariciava momentos de tristeza
com a calmaria da luz do dia e o frescor do céu limpo durante poucos episódios
de alívio e alegria. O clima congelante, por sua vez, dominava o enredo e
mostrava-se coerente com o espírito entristecido que acompanhava o personagem
Frankenstein e sua criatura, á medida que a ocorrência dos fatos elucidavam
sentimentos de perda, abandono, isolamento, solidão e culpa.
A
história revela personagens dignos de complacência e solidariedade e, por este
motivo, as maldades desferidas pelo “monstro” podem dividir opiniões sobre a
verdadeira bondade humana que havia sido, justificadamente, destruída pelo
sentimento de injustiça. Neste momento então, o leitor é convidado a
compartilhar acerca da vida miserável e desafortunada de alguém que sofre o
desprezo do convívio social, a negação da identidade e a infelicidade de
abandono pelo próprio seu próprio genitor.
Entende-se
que a vingança que desabrochava não era gratuita. Talvez possa ser considerada
um mecanismo de autodefesa contra aqueles que o olham como uma ameaça
constante, como um ser anormal e fora dos padrões estabelecidos pela sociedade.
Reclamava o direito de ser feliz como todos os outros e sentia-se oprimido ao imaginar
que enquanto vivesse, estaria condenado à condição de exclusão e banimento das
relações afetivas.
Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/frankenstein-monstro-grafite-7037381/
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