Sendo leitora, eis que apresento a vocês mais um ensaio interessantíssimo que produzi:
O
entendimento de que os animais são iguais, para o romancista George
Orwell, paralelo ao título da obra To Kill a Mockingbird (O sol é para todos), de Harper Lee,
estabelece uma ideia motivadora de que há oportunidades de sucesso e alcance
dos objetivos para todos. No entanto, conforme aprofunda-se a leitura da narrativa proposta, o
leitor é capaz de compreender as intenções da autora quando recorre a um ponto
de vista sensível, honesto e verdadeiro de uma criança. Os acontecimentos não
passam despercebidos diante de um olhar isento de julgamentos de valor ou
preconceitos e, neste contexto, é possível entender a essência de uma temática
controversa, que alcança um sentido mais abrangente sobre a intolerância humana
diante das aparências e expectativas alheias a uma cultura seletiva.
A
história concede a importância necessária ao tempo transcorrido e às mudanças
históricas que contemplavam a evolução da sociedade atribuída àquela época, nos
Estados Unidos. Nota-se um panorama ora introspectivo e conservador, ora
rebelde e sedento por mudanças nas relações interpessoais, por vezes hostis,
que desfragmenta uma convivência harmoniosa, em tese. Neste sentido, o pensamento
de que uns são habitualmente mais privilegiados do que outros é revelado de
modo instintivo, por acontecimentos do cotidiano:
“Ao
contrário do que algumas pessoas nos querem fazer acreditar, nós sabemos que os
homens não são criados iguais...uns são mais espertos do que outros, há pessoas
que têm mais oportunidades porque nasceram com elas, alguns homens ganham mais
dinheiro do que outros, algumas senhoras fazem bolos melhores do que
outras...algumas pessoas nascem mais dotadas do que a maioria das restantes.”
(p. 182)
Harper
Lee não mede esforços para mencionar tamanho desapontamento da personagem e
protagonista Jean Louise Finch (Scout), filha mais jovem de Atticus Finch, com
as injustiças e rotulações sofridas por qualquer pessoa, ainda que fosse um
desafeto ou um desconhecido. É uma criança travessa e adepta a novas aventuras como
tantas outras, porém, enxerga o mundo de forma peculiar e atenta-se a qualquer
detalhe ao seu redor. Curiosa, busca o conhecimento sobre a vida junto aos seus
familiares e amigos próximos, e não esconde a admiração, a confiança e o
respeito que deposita em seu pai, Atticus. Apesar de tantas desavenças e
discordâncias, Scout demonstra também afeto e carinho por seu irmão mais velho
Jem, que tantas vezes a conduz em direção a uma brincadeira que possa colocá-los
em perigo ou favoreça uma situação de conflito com o próprio pai, por
desobediência.
A
menina demonstra franqueza e coragem ao contrariar e confrontar-se com quem a
desqualifica pelo fato de não apreciar um vestido cor-de-rosa e regras de
etiqueta, mas sim de espingardas e brincadeiras ao ar livre, passíveis de
alguns machucados ou sujeiras pelo corpo. No entanto, procura levar em
consideração, pacífica e respeitosamente, os ensinamentos de seu pai, sempre
que possível.
Nesta história, o advogado Atticus representa o sentimento de empatia e solidariedade com as pessoas que sofrem preconceito em função da cor da pele, da condição social ou financeira e da origem familiar menos favorecida. O personagem retrata a figura de um homem honrado, justo e desprovido de vaidades, que não demonstra interesse em divulgar as suas vitórias alcançadas durante a vida para ser aplaudido pelos homens. O livro contribui, de maneira geral, com temas ainda contemporâneos, como os de censura por critérios de distinção racial e de cor, de desrespeito aos direitos e oportunidades dadas a todos os seres humanos, de violência física e psicológica contra a mulher e de violação à integridade moral de um indivíduo por divergências de opinião.
Imagem: https://www.amazon.com.br/Kill-Mockingbird-Harper-Lee/dp/0446310786
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